HumanasBlog


APRESENTAÇÃO

Posted in Notícias e Eventos por Joaquim Cesário de Mello em outubro 24, 2009
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Ver imagem em tamanho grande O HUMANASBLOG é um blog criado para propiciar debates, discussões, circulação de idéias/experiências, e com isto ser um espaço crítico e reflexivo sobre assuntos vários pertinentes à questão humana, suas vicissitudes e manifestações, mais precisamente no campo da psicologia, da arte, da história, das idéias, do cinema, da poesia, da literatura e de temas ligados ao ambiente sócio-cultural contemporâneo que nos envolve.

Coordenado, produzido e editado por Joaquim Cesário de Mello  o HUMANASBLOG espera contar com a máxima e ativa participação de seus visitantes, seja comentando, debatendo, sugerindo e discutindo, bem como contribuindo com temas, trabalhos, artigos e materiais vários (vide e-mail para envio abaixo) dentro do espírito do blog que é o de instigar, incitar e estimular o esprírito humano no que ele tem de mais humano que é a sua capacidade inquieta de sempre querer transformar o mundo e a si mesmo.
Deste modo não esperemos, portanto, neste blog entretenimentos, diversões e lazeres, todavia questionamentos, reflexões, produção de idéias, sentimentos, insights… afinal nossa proposta é ter um blog humano, demasiadamente humano.

Boas leituras…

e-mail p/contato: humanasblog@ig.com.br

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AMORES LIBANESES

Posted in Cinema por Joaquim Cesário de Mello em agosto 24, 2009
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Vez em quando permito a mim mesmo me surpreender. E foi o que aconteceu sábado passado quando fui ao cinema (ETC) sem nada saber sobre o filme a ser assistido. Às vezes me dou mal quando assim faço, mas não naquele sábado. Por cerca de 95 minutos me vi inserido em um mundo diferente, diverso e misterioso: o mundo feminino. O filme a que faço menção é ‘CARAMELO”, produção franco-libanesa que conta a história de cinco mulheres em diferentes fases da vida que vivem em torno de um pequeno salão de beleza. O título do filme faz referência a uma mistura ou pasta utilizada para depilação à base de água, açúcar e limão.

Neste pequeno e medíocre espaço cotidiano constrói-se com suave elegância, porém com não menos melancolia, um fascinante e profundo painel do universo e da alma feminina. De logo percebi, embora sem ainda saber, que estava frente a um filme que só poderia estar sendo dirigido por uma mulher, afinal nós homens por mais que tentemos jamais iremos adentrar com tamanha singeleza e afetividade nos pequenos detalhes dos intramuros deste mundo estrangeiro que é como disse acima o mundo feminino. Carecemos de sensibilidade suficiente para tal.

Feito a própria mistura que dá título ao filme, as histórias amorosas das cinco mulheres vão se interligando e dando uma consistência adocicada, porém como assim é feito com o caramelo utilizado no salão de beleza o mesmo pode ser doce, mas seu final é doloroso. Como é suave, bela e doída a alma feminina.

A direção sensível de Nadine Labaki (para surpresa minha a protagonista central da história, a estonteante personagem Layale) gera uma atmofera de tanta autenticidade que o filme passa uma certa lentidão que é apenas superficial, pois a vida na verdade nos passa tão ligeira. Assistimos assim o dia-a-dia rotineiro dessas mulheres e seus pequenos grandes amores, alegrias e sofrimentos. Se temos aí em comum o amor, cada uma das cinco personagens vivem a sua maneira o sentimento. Layale ama um homem casado e sonha que um dia ele possa deixar a esposa para ficar com ela, e envolta em seu impossível sonho pouco percebe ou dá valor ao sincero amor do guarda de trânsito que a idealiza a certa distância (antológica a cena em que Layale conversa com o amante ao telefone e o guarda do outro lado da rua espreitando-a estabelece imaginariamente ser com ela o diálogo). Nisrine que está prestes a casar vive o tormente de não ser mais virgem e o noivo não saber. Já Rima não se sente atraída sexualmente por homens e joga sedutoramente com uma cliente (sempre achei aquelas massagens com água morna e xampu que se faz no cabelo antes do corte algo meio excitável, e no filme tal carícia chega ao erotismo sublimável). Tem também Jamale, candidata à atriz que reluta em aceitar o envelhecimento e Rose que abre mão da possibilidade de finalmente amar e ser amada por um homem em troca de um outro amor: o amor por sua irmã mais velha que sofre mentalmente de demência.

Sutil, sedutor e sensual (assim comumente é o universo feminino) o filme vem me comprovar mais uma vez que a vida tem sua ambiquidade, isto é, é uma imensa comédia sobre inúmeros, inesgotáveis e diminutos dramas diários. Se o filme nos revela que por um lado homens cheiram a café, álcool e cigarros, também nos revela que por outro lado as mulheres cheiram a esmaltes, xampus e caramelo.

Assistam ao trailer do filme “Caramelo” e atentem para a encantadora trilha sonora que permeia o próprio filme e história:

CRÔNICA

Posted in Crônicas Literárias por Joaquim Cesário de Mello em julho 18, 2009
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HOLLYWOOD DREAMS


Tão logo as luzes se apagaram se reencostou relaxadamente na poltrona acariciando-lhe os braços com a ternura de um recente enamorado. Mergulhado na negritude inicial aconchegou-se à escuridão como quem se recolhe a um colo feminino e sem cheiro, permitido-se oscilar impreciso por entre indefinidas sombras noturnas. Embora fosse tarde lá fora, deliciava-o a sensação embriagante e terna das noites artificiais, na ausência dos ruídos mundanos. Vingava-se assim das tardes e de suas solidões, assassinando-as com a obscuridade das trevas improvisadas.

Seguro no abraço da cadeira, postou-se frente à imensa tela branca iluminada como se aguardasse a chegada de uma mulher amada. Os segundos que antecedem à ilusão eram vazios e lentos, porém necessários ao ritual da passagem que se sucedia. Os objetos, as coisas e as pessoas excluíam-se do redor, restando apenas a visão retangular dos sonhos acordados. Não havia mais ninguém, somente ele e os rostos próximos dos outros distantes. Despido do social, vestia-se de novas fantasias onde o pensamento se diluía em quimeras e desejos. Com que sonha o homem neste instante senão consigo próprio? – ele é feito de imagens e a tela é seu espelho e sua extensão. Flutuava para além de si, redescobrindo antigos afetos hibernantes.

Para ele, pouco importava o filme ou a trama. O cinema era seu sepulcro e a sua sobrevivência. Detestava a claridade denunciante das filas e das salas de espera, onde casais trocavam carícias permitidas, ansiosos para se embrenharem no negrume anônimo das mãos e das coxas. A felicidade alheia inquietava-lhe, da qual se defendia desviando-lhe os olhos. Por isto levava sempre consigo um livro qualquer que lhe auxiliasse a distrair a atenção e a dor. Os livros são melhores que gente, costumava dizer, pois quando nos incomoda basta fechá-los, enquanto as pessoas cobram e sugam.

Nunca lhe fora difícil estar desacompanhado. Nascido filho único, reinara por inteiro em um quarto somente seu, cujos brinquedos amargavam a falta de outros toques. Houve momentos, é verdade, e não foram poucos, que aspirava irmãos com quem compartilhar o medo das madrugadas, porém, como Deus era surdo as suas preces silenciosas, inventara amigos imaginários a quem, assim como os livros, podia mudá-los tão logo enjoasse. Adormecia quase sempre cercado de cavalheiros, guerreiros e soldados.

Odiava a visita dos primos e dos vizinhos. Magro, frágil e tímido, era constantemente subjugado nas brincadeiras de força, enquanto os pais conversavam na varanda crentes de sua felicidade. Inferiorizado e humilhado buscava a supremacia nos estudos, o que lhe rendia elogios e medalhas. Não sabiam os adultos que os livros e os óculos eram sua armadura e seu escudo. Cultivava assim a inteligência, desertificando os sentimentos.

A vida começa na tela. Escorrendo o corpo pela cadeira, procura a melhor posição, inclinando a cabeça como quem repousa em travesseiros e seios. Sumido da tarde, dilui-se em cores múltiplas. Desaparecido do dia, confunde-se no piscar das fotografias. Não importa o filme ou a trama, o que importa é que o filme jamais acabe e lhe devolva a realidade tantas vezes sonegada.

Joaquim Cesário de Mello

CINEMA PARA CINÉFILOS

Posted in Cinema por Joaquim Cesário de Mello em julho 14, 2009
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Quem é fã de cinema ( não necessariamente quem gosta de assistir filmes,porém quem gosta e curte cinema como expressão artística), quem é cinéfilo, mas cinéfilo mesmo, cinéfilo de verdade, não deve perder de acompanhar o Blog da Folha Online (Ilustrada no Cinema) dedicado ao cinema com C maiúsculo.

Vai aí o link de acesso a quem interessar: ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br

LAURA ANTONELLI: UM AMOR ADOLESCENTE

Posted in Memórias Afetivas por Joaquim Cesário de Mello em julho 8, 2009
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Dando continuidade a saga de expor minhas intimidades à praça pública (oh narcisismo!), vamos falar um pouco daquela que foi pra mim na adolescência, bem como para tantos da minha época juvenil, a minha efetivamente primeira musa e paixão platônica. Falo da belíssima atriz Laura Antonelli.

Para vocês um pouco e o muito da estonteante beleza de Laura Antonelli que por diversas vezes embalou os sonhos luxurientos e amorosos de muitos da minha geração:

Nascida Laura Antonaz (1941), em uma região à época pertecente à Itália mas que hoje é parte da Croácia, Laura Antonelli começou sa carreira fazendo comerciais da Coca-Cola. Seu primeiro filme em cinema foi em 1965 (La Sedicenni), tendo sido seu primeiro sucesso “Malícia”, uma comédia italiana de 1973. Trabalhou com grandes diretores de cinema, entre eles Visconti em “O Inocente” (1976), e chegou a ganhar por duas vezes como melhor atriz o prêmio David di Donatello (equivalente ao Oscar americano). No auge da sua maturidade tanto física quanto artística fez em 1977 a instigante personagem central do inesquecível “Esposamante” de Marco Vicário.

Quando passou “Perfume de Mulher” com Al Pacino possivelmente a turma multiplex do cinema pipoca não deve ter sabido á época que se tratava de um remake de um filme italiano do Dino Rise (”Profumo di donna”) onde foi, pro nosso deslumbramento, a descoberta da exuberância de Laura Antonelli, lá no escurinho do já extinto Cinema Veneza. Arrebatamento total e absoluto. Ali, no alto de minha adolescência e em pleno pique dos meus hormônios, estava eu perdidamente apaixonado por Laura. Mas, afinal, quem não ficaria? Mesmo aqueles que, por razões ou preferências diversas não se sentissem atraídos física e sexualmente por mulher, não deixaram de admirar a beleza da mais perfeita feminilidade da Laura Antonelli e sua mais pura condição de fêmea gostosa. E como!

Devido a seu início de carreira fazendo comédias picantes italianas, Laura Antonelli ficou conhecida por muitos como “A Deusa do Sexo”. Todavia, pra mim, ela foi e sempre será a Laura de “Profumo de Donna” e a sedutora mulher madura e sensual de Esposamante. Não deixem de conhecer o ensaio fotográfico da Revista Playboy (nr. 68) de março de 1981. Que as outras mulheres me desculpem, mas é imperdível.

No filme Esposamante a que já fiz menção acima Laura faz o papel de Antonia, esposa de Luigi (interpretado por Marcelo Mastroianni), que vive um casamento praticamente fenecido. Antonia vive doente, pálida e acamada o agonizar de tal relação, até que ocorre o desaparecimento do marido que trabalha como negociante de vinhos. Todavia, na verdade, Luigi é um ativista político e seu desaparecimento se fez necessário, pois o mesmo foi injustamente acusado de assassinato. Considerado como morto, Antonia agora tem que assumir a condução dos negócios da família e, aos poucos, vai descobrindo o lado oculto do marido que até então desconhecia. Ao mesmo tempo em vai conhecendo um Luigi que não conhecia, vai também começando a aflorar nela uma mulher que ela mesma até então não conhecia: mas auto-confiante, com melhor auto-estima, mais bonita e, principalmente, mais sensual e ciente de sua inteira feminilidade até ali latente. O melhor ainda da história é que Luigi se esconde em frente à casa que antes morava com sua esposa agora “viúva” e, assim, passa a ser ,à distância, testemunha ocular da transformação de sua esposa que, por sua vez, passa a desconfiar da presença dele na casa à frente. Linda e comovente a cena em que Luigi pelas frestas da janela observa com um misto de tristeza, espanto encantamento e ternura o primeiro orgasmo de sua esposa com um recente amante (só Mastroianni poderia fazer aquele olhar). Impagável. Segundo a atriz Marília Pera um dos melhores filmes que ela já viu. Um filme não apenas pra se assistir, mas para se ter em seu acervo (há em DVD). Confiram.

Pois é, acho que o passar dos anos e o rarear dos meus cabelos agora cada vez mais grisalhos não apagaram minha paixão sincera e juvenil de adolescente. Há, com certeza, um espaço carinhoso em minha memória reservado ao tempo em que amava e idolatrava atrizes de cinema. E nunca mais houve ninguém como Laura Antonelli.

Agora vejamos se eu jovem não estava certo em me apaixonar pela Laura Antonelli. Vejamos o evoluir de sua beleza através dos anos. Confiram:

CINEMA

Posted in Cinema por Joaquim Cesário de Mello em junho 7, 2009
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COMENTÁRIOS SOBRE UMA ANALFABETA
 
Assisti outro dia ao filme “O Leitor”. Uma história interessante que certamente encantará, sem dúvidas, as senhoras que desdenham dos homens que as trocam por “meninas” mais jovens. Não vou contar o enredo, mas está na cara que há um clima romântico entre uma mulher mais “madura” e um jovenzinho. A mulher madura é uma pessoa simples e analfabeta. Envergonhada por essas condições chega ao extremo de aderir a SS, – o filme se passa na Alemanha nazista – e a cometer crimes hediondos.  Em nome de um orgulho patológico, a personagem vai a julgamento e é culpada pelos atos, justamente por que desconhecia as palavras escritas. Um filme bonitinho, que traz uma “moral” simples: “Leia e não serás assassino”, ou “Não tenha vergonha de sua ignorância que isso poderá lhe levar a caminhos mais desumanos”. As coisas não são assim…
            Penso que se depositou ou se atribuiu a literatura um lugar de poder que ela não tem, e acho que ler a bíblia ou a Odisséia não salvará a humanidade dos extensos extermínios e  da crueldade humanas . A idéia de extermínio escapa, a consciência, o Cogito, e está embevecida no contágio coletivo de uma exclusão a que um segmento da população foi submetido. Não irei aprofundar mais, por desconhecer o objeto: extermínio. O único comentário que tenho a fazer, é que as palavras tem força, são ousadas, atrevidas, mas infelizmente elas são incapazes de domar os atos obstinados da criatura humana. Interessante que em “O Leitor” a personagem se mata apoiando livros sobre seus pés, na tentativa de facilitar seu enforcamento – a personagem se suicida, tirando os livros abaixo dos seus pés. Os livros são facilmente chutáveis…

Marcos Creder
marcoscreder@yahoo.com.br